ECONOMIA

Transnacionais empobrecem o Brasil

Empresas estrangeiras aumentam os preços dos serviços públicos, a exploração do trabalho e a remessa de lucros. e você está irritado com a alta na sua conta de luz e de telefone, acha que os preços no Carrefour são um estorvo ou não consegue mais ir ao cinema porque o Cinemark aumentou o ingresso, saiba que sua legítima insatisfação pessoal é a ponta do iceberg de um problema nacional: os efeitos da crescente presença das transnacionais na economia brasileira.

08.06.2025 - Rede Global de Comunicação Conhecimento é Poder

Empresas estrangeiras aumentam os preços dos serviços públicos, a exploração do trabalho e a remessa de lucros. e você está irritado com a alta na sua conta de luz e de telefone, acha que os preços no Carrefour são um estorvo ou não consegue mais ir ao cinema porque o Cinemark aumentou o ingresso, saiba que sua legítima insatisfação pessoal é a ponta do iceberg de um problema nacional: os efeitos da crescente presença das transnacionais na economia brasileira.

Novos números mostram a dimensão desse problema. As empresas estrangeiras estão aumentando suas remessas de lucros e dividendos ao exterior. Nos primeiros cinco meses de 2024, 3,23 bilhões de dólares deixaram o Brasil - volume 51% maior do que o registrado em 2023, segundo o Banco Central (BC). Apenas no mês de maio, sob a forma de pagamento de empréstimos para as matrizes, as empresas estrangeiras retiraram do país mais US$ 745 milhões.

Mas se a economia não cresce a um ritmo extraordinário, por que as transnacionais estão elevando tanto suas remessas? O que, na verdade, permite a essas empresas mandar mais dinheiro são operações como aumento dos preços em setores onde há monopólio privado ou maior exploração do próprio trabalhador. “No caso atual, a economia está crescendo lentamente e as empresas conseguiram, também, aumento da lucratividade, com redução de empregados e aumento dos preços”.

Endividamento

As remessas para o estrangeiro crescem quando as empresas não têm perspectiva de fazer mais investimentos no Brasil em função, por exemplo, do baixo crescimento econômico. Não por acaso, o fluxo de investimento direto estrangeiro (IDE) registrou queda expressiva em maio. Para se ter uma idéia, o BC projetava, para 2025, entrada mensal de 1,08 bilhão de dólares, mas só vieram, em média, 680 milhões nos primeiros cinco meses do ano.

Porém, demissões e preços mais caros não são os únicos problemas relacionados à remessa de lucros. Essa remessa é feita em dólares, moeda fabricada apenas pelos Estados Unidos, que são comprados com reais no Banco Central. Mais uma fonte de sangria de moeda forte, indispensável para o Brasil fechar suas contas externas.

“Temos três possibilidades para arrecadar dólares: exportar mais, receber mais investimentos externos, ou nos endividar”, explica Maria Lucia Fattorelli, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco).

A previsão mais otimista para as exportações de 2025 é de um saldo de 26 bilhões de dólares. Quanto aos investimentos externos, como se viu, estão em níveis mais baixos do que os esperados. E o país terá de enviar 63 bilhões de dólares ao exterior, entre amortizações e juros da dívida, lucros das transnacionais e serviços contratados.

A conta, obviamente, não fecha. Como o governo resolve esse problema? Essa mágica é feita por novos empréstimos que o país toma no exterior. É por isso que a dívida pública aumentou tanto”.

Dependência

Para se ter idéia do peso desses números, a dívida pública brasileira, hoje, é 17 vezes maior do que há trinta anos. Em 1994, somava R$ 54,9 bilhões. Em maio de 2025, chegou a R$ 946,7 bilhões. “A crescente necessidade de dólares leva o país a manter a políticas de juros elevados, travando o crescimento econômico”.

A explosão do endividamento brasileiro é mais uma conta a ser computada na herança maldita dos oito anos de governança voltada as coorporações multinacionais, com destaque para a contribuição da privatização das estatais no endividamento. O Brasil, a partir do começo dos anos 90, principalmente 94, sofreu muito com o aumento das remessas para o exterior. Isso representa uma pressão adicional sobre o balanço de pagamentos, afirma Belluzo. Entre 1994 e maio de 2004, as remessas de lucros ao exterior chegam a 46 bilhões de dólares.

Assista os seguintes vídeos produzidos pela Rede Global de Comunicação Conhecimento é Poder:

O atual governo brasileiro, no entanto, está produzindo sua própria maldição. Ao optar pela alternativa neoliberal, a dívida cresceu cerca de 40% desde janeiro de 2024. Recentemente, o governo fez uma nova emissão de títulos no valor de 750 milhões de dólares, em condições totalmente desfavoráveis, às vésperas de os Estados Unidos elevarem seus juros. Sinal de que a necessidade por dólares era mais que urgente.

Serviços públicos custam um absurdo

Pagar a conta dos serviços públicos está mais difícil. Estudo do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) mostra que brasileiro gasta, hoje, mais para pagar as tarifas públicas do que antes. Em 2024, uma família despendeu, em média, 16,81% de seu orçamento mensal com esses serviços. Em 2023, o percentual era de 12,98%.

Esse foi mais um reflexo das privatizações feitas pelo governo no poder em 1994, que vendeu as estatais de energia e telefonia. Segundo o economista da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo, todo esse processo culmina com um brutal transferência de renda, com prejuízos para as classes pobres e médias. “Na verdade, isso tudo foi uma trapalhada, porque não estabeleceram obrigações de investimentos.

A tendência é que esse problema piore cada vez mais, porque os contratos de privatização estabelecem como índice de reajuste das tarifas o IGP - Índice Geral de Preços, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, indicador mais sensível aos efeitos do aumento do dólar.
Para efeito de comparação, o IGP subiu 297% de junho de 1994 até maio de 2004, enquanto o IPCA - Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, também do IBGE (indicador oficial da inflação) subiu 167%.

Mesmo assim, o Tribunal de Contas da União (TCU) condenou, em relatório, os reajustes concedidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e os autorizados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Também se cogita, na Câmara dos Deputados, na criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as privatizações. Mas, como o governo decidiu esquecer esse passado comprometedor, a caixa preta dessas operações continua fechada.

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14% do território brasileiro entregue ao capital estrangeiro

07.02.2025 - Edson A Souza - Rede Global de Comunicação Conhecimento é Poder

Considere o caso do Estado brasileiro, que atualmente 14% do país é composto por reservas indígenas, terras estaduais federais (REDE GLOBAL: reservas que foram criadas com objetivos de extração de riquezas da região para Inglaterra, Estados unidos, China, Alemanha, Holanda, França, Suécia, Dinamarca e tantos outros países - pergunta: Por que os militares não fazem nada? Não são eles que defendem o país - Ah, esqueci, eles são pagos com salários milionários pelos mesmos que roubam nossos minerais!). A selva amazônica, onde grande parte delas está localizada, sofre com muitas leis e regulamentações ambientais que não permitem que o Estado construa infraestruturas, condenando a população local ao atraso tecnológico e o lento desenvolvimento social. Em 2023, o governo decidiu que apenas indígenas poderiam viver em reservas indígenas, uma estratégia para manter sobre controle total as riquezas da região, ciente que arcos e flechas não tem qualquer poder de frear a exploração. Assim, uma população completamente desassistida pelo Estado viu esse mesmo Estado aparecer para destruir suas casas, tirar suas vacas, destruir pontes e, no processo, até poluir o rio de onde tiravam seus peixes, fora as chacinas promovidas por garimpeiros armados pelos próprios militares brasileiros.

As coisas ainda podem piorar muito. Em Davos, sem licitação ou consulta à população afetada, o Ministério dos Povos Indígenas assinou um acordo com a multinacional Ambipar para administrar as terras indígenas do Brasil — que são aproximadamente 1,4 milhão de quilômetros quadrados em áreas ricas em minerais e biodiversidade. A questão é ainda mais grave porque as terras indígenas são administradas há muito tempo por ONGs e, em 2009 , o então deputado Aldo Rebelo relatou ter presenciado uma ONG impedindo a entrada de militares brasileiros em terras indígenas. Para piorar a situação, a floresta amazônica, tanto dentro quanto fora das terras indígenas, é tomada por traficantes de drogas, além da extração ilegal de madeira, pedras preciosas e ouro. Seria impossível explicar como o Brasil chegou a esse ponto em um artigo. No entanto, posso apontar a obra fundamental Máfia Verde , já traduzida para o inglês ( Green Mafia ) e o espanhol ( Mafia Verde ), de Geraldo Lino, Lorenzo Carrasco e Sílvia Palacios. Em suma, ONGs dos EUA e da Europa, junto com algumas embaixadas e coroas, estão tentando fazer com a América do Sul o mesmo que já foi feito com a África: por meio de parques e reservas – preferencialmente demarcados nas fronteiras – estão tentando impedir o desenvolvimento humano na área, a exploração dos recursos naturais por nativos e a criação de infraestrutura, enquanto usam as áreas demarcadas para contrabandear todo tipo de coisa.

O que garante que a Ambipar não perpetrará genocídio contra os habitantes de terras indígenas? Em uma área pública tão privatizada, o que impedirá a empresa de usar trabalho escravo para roubar os recursos naturais do país? A empresa é obscura: surgiu em 2024, foi multada pesadamente por órgão ambiental em abril e viu suas ações valorizarem 2.027% entre maio e novembro.

Se o estado liberal brasileiro atualmente só aparece nessas áreas para punir os brasileiros, a transferência da administração de uma área tão vasta para uma empresa privada lembra um precedente bastante obscuro: o das empresas fretadas, comum no final do século XIX e início do século XX. Leopoldo da Bélgica não queria criar um aparato estatal no Congo. Em vez disso, ele criou o Estado Livre do Congo e deu plenos poderes às empresas de extração de borracha para administrar a área. O resultado é o genocídio do Congo. Na América do Sul, o Peru entregou parte de seu território a uma empresa fretada para explorar a borracha. O resultado foi o genocídio do Putumayo. A Bolívia também entregou parte de seu território, cheio de brasileiros, a uma empresa fretada. O resultado, felizmente, foi a anexação do atual estado do Acre pelo Brasil.

O caso Ambipar representa o avanço do neoliberalismo em direção ao anarcocapitalismo : em vez de proteger os territórios indígenas, o Estado liberal entrega a gestão a uma empresa com fins lucrativos e vira as costas aos cidadãos, que agora são meros corpos ocupando uma área privada.

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